Porquê?

O uso do tabaco é a 1ª causa evitável de doença, incapacidade, e morte prematura. A já chamada “epidemia do tabaco” é uma das maiores ameaças à saúde pública de sempre, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano. Destas, 1.3 milhões são mortes prematuras de não-fumadores (em que se incluem 65 000 crianças!) por exposição passiva ao fumo do tabaco. Um fumador vive menos 10 anos, em média, do que um indivíduo igual a si, mas não-fumador.

Com a evidência científica reunida ao longo dos séculos XX e XXI, já não restam dúvidas acerca da associação do uso do tabaco com o aparecimento ou agravamento de inúmeras doenças, transmissíveis e não-transmissíveis, que afetam os vários sistemas do organismo e têm um impacto muito negativo na qualidade de vida e no número de anos vividos.

O tabagismo é um importante fator de risco para as 3 principais causas de morte a nível mundial: as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias, e as doenças oncológicas – tendo já sido associado a mais de 20 tipos de cancro, nos vários órgãos e sistemas. Para além destas patologias, destacam-se ainda os efeitos possíveis no sistema endócrino (diabetes, osteoporose), na função sexual e reprodutiva (impotência ou disfunção sexual, infertilidade, menopausa precoce, irregularidades menstruais), no sistema digestivo (refluxo gastroesofágico, úlceras), no sistema nervoso (maior risco de Doença de Alzheimer e Doença de Parkinson), na pele (rugas, flacidez, manchas) e nos outros órgãos dos sentidos (diminuição da visão, olfato e paladar).

Todas as formas de consumo de tabaco são prejudiciais, e não há níveis seguros de exposição. Os novos produtos de tabaco e nicotina, para além de terem um elevado teor de nicotina que provoca forte dependência, têm também efeitos negativos para a saúde, incluindo alguns específicos da sua constituição e modo de consumo.

Para além disso, fumar ou vapear também traz consequências graves para a saúde dos que o/a rodeiam, pela inalação, contacto ou ingestão das substâncias tóxicas libertadas. Em particular, fumar durante a gravidez tem consequências muito graves para a vida do bebé e para a própria mãe na gravidez e no parto.

Quais os benefícios sentidos?

Por tudo o que vimos, deixar de fumar é a melhor decisão que pode tomar pela sua saúde. Serão enormes os benefícios na sua vida, e começará a senti-los de imediato:

• Ao fim de 20 minutos, a tensão arterial e frequência cardíaca começam a normalizar;
• Após 12 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue voltam ao normal;
• A partir das 2 semanas, começa a melhorar a circulação sanguínea e a função pulmonar;
• A partir de 1 mês, a tosse e falta de ar começam a diminuir;
• 1 ano depois, o risco de doença coronária já desceu para metade, e 2 anos depois, o risco de AVC aproxima-se do de quem nunca fumou;
• Ao fim de 10 a 15 anos, o risco de doença coronária e de todos os tipos de cancro associados ao tabaco reduziram significativamente, aproximando-se do risco de quem nunca fumou;
• Poupança: todo o dinheiro que gasta em produtos de tabaco ou nicotina ficará disponível para si, para utilizar na sua saúde, bem-estar e felicidade!
• Liberdade: não estar dependente de uma substância para ditar o que faz em cada momento da sua vida.

Quanto mais cedo deixar de fumar, maiores serão os benefícios!

E… Como?

Deixar de fumar sem ajuda pode ser difícil, porque a nicotina é uma droga que provoca forte dependência. Muitas pessoas experienciam síndrome de abstinência quando param o consumo, com sintomas desagradáveis que podem levar a que voltem a fumar/vapear apenas para não os sentirem. Isto acontece porque o organismo se habituou a funcionar sob o efeito dessa substância, e demora algum tempo a readaptar-se a funcionar sem ela. Esses sintomas são passageiros, mas são o motivo de falha de muitas tentativas de deixar de fumar sem apoio médico. Além disso, é importante aprender a lidar com os desafios do dia-a-dia recorrendo a estratégias saudáveis, evitando a tentação de voltar a fumar. A probabilidade de deixar de fumar com sucesso mais do que duplica com o apoio clínico adequado.

Na consulta de apoio intensivo à Cessação Tabágica, um/a médico/a com sub-especialização nesta área cria, em conjunto consigo, um plano individualizado para o/a ajudar a deixar de fumar ou vapear, talhado à sua medida – aumentando, assim, a probabilidade de sucesso, e assegurando o maior conforto possível durante o processo. O plano poderá incluir estratégias farmacológicas e/ou nãofarmacológicas. Esta consulta destaca-se por basear o tratamento numa visão integrada do utente fumador, tendo em conta o seu contexto bio-psico-social único e as características do seu consumo, para atuar de forma estratégica nos pontos-chave em cada pessoa. Este plano de cuidados melhora a experiência dos utentes e aumenta de forma significativa a probabilidade de se atingirem bons resultados, de forma duradoura.

Sendo o tabagismo um fator de risco evitável e modificável, escolher não fumar é uma oportunidade de ouro que tem nas suas mãos para melhorar a sua saúde, qualidade e expectativa de vida – em qualquer idade! Se fuma, não perca mais tempo: procure apoio numa consulta de Cessação Tabágica. Por si, e pelos que mais ama, não fume!

Artigo redigido por: Drª Isabel Pereira (OM nº 63945)
sub-especialização em Cessação Tabágica

As informações constantes neste artigo baseiam-se em dados disponibilizados publicamente pela Organização Mundial de Saúde e pela Direção-Geral da Saúde.